A devoção a NOSSA SENHORA DA PAZ tem origem em três acontecimentos distintos ocorridos na França, El Salvador e Espanha, todos ressaltando a importância da Virgem Maria como intercessora pela paz.
Origem na França
No início dos anos 1500, na França, um nobre chamado Jean de Joyeuse ofertou a sua jovem noiva, Françoise de Voisins, uma bela estátua da Virgem Maria como presente de casamento. A estátua ficou conhecida como a “Virgem de Joyeuse” e tornou-se uma preciosa herança de família.
Por volta de 1588, o neto de Jean, Henri Joyeuse, ingressou na ordem dos franciscanos capuchinhos em Paris e levou consigo a estátua estimada. Com um ramo de oliveira na mão e o Menino Jesus, o Príncipe da Paz, nos braços, o monumento passou a ser chamado de Notre Dame de la Paix (Nossa Senhora da Paz). Em 1657, devido ao crescente número de fiéis que buscavam a intercessão de Nossa Senhora da Paz, os capuchinhos construíram uma capela maior para acomodar todos os devotos. Em 9 de julho daquele ano, diante de uma grande multidão que incluía o rei Luís XIV, o núncio papal na França abençoou e entronizou solenemente a estátua da Virgem. Posteriormente, o Papa Alexandre VII designou esta data para que a comunidade capuchinha celebrasse a festa de Nossa Senhora da Paz.
Durante a Revolução Francesa, iniciada em 1789 , os capuchinhos foram expulsos de seu mosteiro. Para proteger a estátua de possíveis danos ou profanações, eles a esconderam. Quando a paz foi restaurada, a estátua foi confiada ao padre Pedro Coudrin , em Paris.
Em 1800, Pedro Coudrin e Henriette Aymer de Chevalerie fundaram a Congregação do Sagrado Coração de Jesus e Maria e da Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento. Coudrin entregou a estátua à Madre Henriette, que a consagrou na capela de um convento no bairro de Picpus, em Paris, em 6 de maio de 1806 .
A estátua original de Nossa Senhora da Paz foi coroada canonicamente em 9 de julho de 1906 pelo arcebispo de Paris, em nome do Papa Pio X. Durante a Primeira Guerra Mundial, o Papa Bento XV acrescentou o título de Nossa Senhora da Paz à Ladainha de Loreto, confirmando Maria como intercessora em tempos de conflito.
Origem em El Salvador
Em 1682 , na costa de Puerto de la Mar del Sur, em El Salvador, alguns comerciantes encontraram uma bela caixa de madeira abandonada. Incapazes de abrir, amarraram-na às costas de um burro e dirigiram-se à cidade de São Miguel para informar as autoridades locais.
Ao passarem em frente à igreja paroquial, o burro deitou-se e recusou-se a continuar. Resolveram então tentar abrir a caixa novamente, mas dessa vez, obtiveram sucesso sem nenhum esforço e a caixa foi aberta facilmente. Para surpresa de todos, havia dentro dela uma imagem de Nossa Senhora segurando o Menino Jesus. Era dia 21 de novembro.
Naquela época, uma região estava marcada por conflitos armados. Ao saberem da descoberta milagrosa, os combatentes interpretaram o acontecimento como um sinal divino e decidiram cessar as hostilidades, fazendo as pazes. Por essa razão, a imagem recebeu o título de Nossa Senhora da Paz e sua celebração litúrgica foi marcada em 21 de novembro, em memória de sua chegada a São Miguel.
Um milagre salvou a cidade
Anos depois, o vulcão Chaparrastique, próximo à cidade de San Miguel, entrou em erupção, ameaçando destruir a cidade com sua lava ardente. Desesperados, os habitantes levaram a imagem de Nossa Senhora da Paz para a porta principal da catedral e rezaram fervorosamente por sua intercessão. Milagrosamente, a lava mudou de direção, desviando-se da cidade e poupando-a da destruição. No local onde a lava alterou seu curso, surgiu a vila chamada Milagro de La Paz .
Os que testemunharam o milagre notaram que a fumaça do vapor que saía do vulcão tinha o formato de uma palma. Em agradecimento, os fiéis esculpiram uma palma de ouro e a colocaram na mão da estátua de Nossa Senhora da Paz.
O Papa Bento XV autorizou a coroação canônica da imagem, que ocorreu em 21 de novembro de 1921.
Origem na Espanha
Fatos históricos também atribuem a origem da devoção à Nossa Senhora da Paz Também à cidade de Toledo (Espanha), no seculo XI. Os mouros (árabes muçulmanos) invadiram a Espanha e tomaram nesta cidade um templo consagrado a Maria Santíssima, muito venerado pelos fiéis, transformando-o em mesquita e profanando-o com os cultos e ritos de sua religião. Quando os cristãos retomaram Toledo, a Igreja continuou sendo mesquita dos mouros, como parte de um acordo feito com o Rei Espanhol. A rainha e a população, indignadas, saíram pelas ruas vestidas de luto, em protesto. Correndo o risco de serem penalizadas por desobediência ao rei, pediram à Virgem que lhe abrandasse o coração. Os mouros, com medo de que a população se voltasse contra eles, suplicaram que o rei perdoasse a rainha e o arcebispo. O soberano atendeu ao pedido. Uma grande procissão rendeu graças à Virgem por ter trazido a paz a Toledo, marcando o retorno da imagem para a igreja. Desde então passou a ser venerada como Nossa Senhora da Paz. A fim de perpetuar esta graça, foi instituída sua festa celebrada a 9 de julho.
Data Comemorativa no Brasil
O Brasil celebra no dia 9 de julho, seguindo o que é preceituado no memorial oficial no Calendário Romano Geral. O fato dessa data em julho estar muito próxima de 13 de junho, dia do Padroeiro Santo Antônio, levou a Paróquia da Paz, em Fortaleza (CE), a solicitar da Arquidiocese, a autorização para celebrar Nossa Senhora da Paz, dia 10 de outubro, data já inserida no calendário litúrgico da capital cearense.